GRAACC investe em proteção radiológica nos tratamentos do câncer infantil

A supervisora de radioproteção do hospital do GRAACC, Fernanda Beletti, descreve procedimentos para controle da radiação emitida em exames de imagem e radioterapia

A física de radioterapia Fernanda Belletti, supervisora de radioproteção no Hospital do GRAACC, acompanhou as palestras dos físicos Yvone Maria Mascarenhas e Renato Dimenstein, no Encontro Técnico de Proteção Radiológica nas Áreas Médica e Industrial, promovido pela Sapra Landauer, no dia 15 de março, em São Paulo.

O GRAACC é uma instituição social sem fins lucrativos que desde 1998 possui um hospital em parceria técnica-científica com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e recebe crianças e adolescentes de 0 a 18 anos para tratamento de câncer, provenientes de todas as regiões do Brasil.

Além de diagnosticar e tratar o câncer infantil, atua no desenvolvimento do ensino e pesquisa. Hoje o Hospital do GRAACC é referência no tratamento da doença, principalmente os casos de maior complexidade e alcançando altos índices de cura. Por ano, mais de 3.500 pacientes são atendidos.

E, de acordo com Fernanda Belletti, no setor da radioterapia, onde ela atua, a proteção radiológica está entre as prioridades, até porque os malefícios da exposição de crianças à radiação são maiores em comparação à de adultos devido a maior expectativa de vida.

“Para poder dar início à radioterapia, que é um tratamento para câncer localizado, feito com radiação, o paciente passa por um exame de imagem de tomografia, para que seja feito um planejamento. O médico radioterapeuta é quem vai definir exatamente quais regiões ele precisa observar para que não sejam feitas imagens desnecessárias e também não seja preciso repetir o exame, que também é um problema que deve ser evitado, principalmente no caso das crianças. Através dessas imagens é traçada a limitação exata da área para o tratamento de radioterapia. Porque, assim como a radiação do sol pode causar câncer, a radiação do tratamento contra o câncer também, da mesma forma a radiação dos exames de imagens, como a tomografia ou a cintilografia”, detalha a física de radioterapia. Segundo ela, nesses casos o câncer é chamado de radioinduzido. E contextualiza: “A pessoa passa por radioterapia e depois de 10 anos é diagnóstica com outro tumor, suspeita-se, então, que pode ter sido induzido pela primeira radiação que ela tomou. No caso de uma criança, temos uma expectativa de vida maior e portanto mais tempo para que um tumor radioinduzido se manifeste. Se uma pessoa de mais de 80 anos passa por um tratamento com radiação, ela provavelmente não terá tempo de vida para desenvolver um câncer radioinduzido, ao contrário da criança”.

Fernanda Beletti salienta, no entanto, que independentemente da idade, o objetivo é expor o mínimo necessário o paciente, o acompanhante e o profissional da saúde à radiação.

Segundo ela, existe uma equipe de Psicologia no GRAACC que atua junto à criança para convencê-la a ficar sozinha na sala durante a radioterapia. “Temos alguns agravantes e trabalhamos para evitá-los. Para radioterapia, a criança precisa ficar sozinha na sala, sem acompanhante e, às vezes, até por serem muito pequenas, algumas não ficam. Nesses casos, elas precisam receber anestesia. O trabalho dos psicólogos é para evitar ao máximo esse tipo de procedimento e eles se saem muito bem, principalmente com crianças a partir de 5 anos”, considera Fernanda.

Parceria com a Sapra – O GRAACC é parceiro da Sapra Landauer desde a criação do setor de radioterapia do hospital, há mais de 4 anos, e, segundo a física de radioterapia, a empresa dá todo o suporte e segurança para a instituição oferecer proteção radiológica aos envolvidos nos procedimentos que emitem radiação. Nesse sentido, são os supervisores de radioproteção os responsáveis por garantir a segurança de pacientes, pais ou acompanhantes, enfermeiros e tecnólogos de radioterapia, que são os profissionais que aplicam o tratamento.

Ela destaca os dosímetros mais modernos da Sapra que realizam a leitura dos dados por meio da tecnologia OSL e que foram adotados recentemente pelo GRAACC. Na sua opinião, uma das principais vantagens dessa nova tecnologia é a possibilidade de refazer a leitura do dosímetro, o que não existia no equipamento usado anteriormente pelo hospital, com o sistema TL.

“É um equipamento que dá mais tranquilidade para se trabalhar, porque se for captado alguma alteração de dose, é possível fazer a releitura e a investigação das causas”, justifica.

No encontro técnico, Fernanda Beletti acompanhou a palestra do físico Renato Dimenstein, na qual ele apresentou algumas demonstrações sobre como é possível implementar a redução de doses de radiação sem aumentar muito o ruído ou reduzir a qualidade de imagens diagnósticas em exames de Raio X, tomografia, medicina nuclear e mamografia. Antes, a representante do GRAACC assistiu à palestra da física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas, sobre a mudança de grandeza utilizada atualmente pelos serviços de dosimetria individual externa no Brasil, que passará da grandeza Hx para a chamada dose equivalente a uma profundidade, ou Hp(10).