Sapra Landauer oferece treinamentos na área de proteção radiológica

Com o objetivo de promover a segurança dos profissionais expostos à radiação ionizante e atender às exigências da RDC 611 da Anvisa, a Sapra Landauer disponibiliza o treinamento online Noções Básicas de Proteção Radiológica (NBPR). Voltado a médicos, técnicos e gestores que atuam com radiação ionizante em hospitais, clínicas, indústrias e instituições de ensino em saúde, o treinamento é uma atualização obrigatória para quem atua na área.

O treinamento oferece certificação reconhecida no setor e foi desenvolvido para atender às exigências da RDC 611 da Anvisa, sendo essencial para a implementação de programas de proteção radiológica. O conteúdo abrange desde conceitos fundamentais sobre radiação e produção de Raios-X até os princípios de proteção radiológica, efeitos biológicos e normas de segurança.

Ministrado por especialistas com vasta experiência em física e segurança radiológica, o treinamento inclui textos, áudios e avaliações formativas, proporcionando flexibilidade para que o aluno complete os módulos no seu próprio ritmo. Ao final, é emitido um certificado válido após a aprovação na avaliação.

Além do NBPR, a Sapra Landauer oferece outros treinamentos:

  • Instruções de Uso dos Monitores Individuais – Este treinamento ensina o uso correto dos dosímetros OSLD, abordando todo o ciclo do serviço de dosimetria pessoal, desde o envio e recebimento dos monitores até procedimentos em casos de dose elevada ou leitura de emergência.
  • Treinamento GPR – Gerenciador de Proteção Radiológica – Voltado para gestores, este treinamento capacita os profissionais a utilizarem a plataforma online da Sapra para consultar relatórios de doses, acompanhar o envio e recebimentos de monitores, gerenciar os usuários de monitoração individual, entre outras funcionalidades.

Para aprofundar esses conhecimentos e esclarecer dúvidas sobre os treinamentos oferecidos, a Sapra Landauer irá realizar do próximo webinar gratuito sobre treinamentos em proteção radiológica.  Os participantes poderão tirar dúvidas ao vivo com os especialistas sobre os treinamentos NBPR, GPR e o uso correto dos monitores individuais.

Webinar: Treinamentos na área de proteção radiológica

Data: 29 de maio, às 15h30

Transmissão ao vivo pelo YouTube da Sapra Landauer

Com certificado de participação.

Webinar sobre Proteção Radiológica na Medicina Veterinária reúne especialistas e reforça importância da segurança nas práticas clínicas

A Sapra Landauer, em parceria com a Associação Brasileira de Radiologia Veterinária (ABRV), realizou o webinar “Proteção Radiológica na Medicina Veterinária”, um evento que discutiu os riscos da radiação ionizante e a necessidade de práticas seguras no ambiente veterinário.

Com a participação dos médicos-veterinários Vítor Molina, vice-presidente da ABRV e especialista em Radiodiagnóstico e Ultrassonografia (IVI-SP) e Mariana Ferreira,  segunda diretora secretária da ABRV e professora de pós-graduação em Medicina Felina e Ultrassonografia, além da física Dra. Maria de Fátima Magon, responsável técnica e gerente de operações da Sapra Landauer. O evento contou com mediação de Paulo Mascarenhas, diretor da Sapra Landauer.

Durante o encontro, os palestrantes apresentaram as boas práticas, legislação, fiscalização e os desafios enfrentados por clínicas e profissionais em relação à radioproteção.

O médico-veterinário Vitor Molina apresentou um panorama preocupante sobre a realidade da radioproteção no Brasil na área. Ele destacou falhas recorrentes, como a ausência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a realização de exames sem protocolos adequados e o envolvimento direto de tutores e profissionais sem proteção nos procedimentos radiográficos.

“Se você já viu alguém segurando um animal sem EPI, está no lugar certo para aprender como mudar isso”, alertou Molina. Com imagens retiradas das redes sociais, ele mostrou inúmeras imagens de práticas incorretas, como mãos humanas visíveis em radiografias e uso indevido de equipamentos portáteis em ambientes inadequados. Para ele, ainda existe uma cultura de subestimar os riscos da exposição, mesmo com os avanços na tecnologia de diagnóstico por imagem.

Aspectos técnicos e legais: responsabilidade compartilhada

Na sequência, a física Maria de Fátima trouxe uma abordagem técnica e legal sobre a proteção radiológica, reforçando os três princípios fundamentais: justificação, otimização e limitação de doses. Ela destacou a importância da dosimetria individual, do uso adequado de EPIs e da implementação de programas de controle de qualidade nos equipamentos radiológicos. 

Uma visão internacional

Com experiência internacional, a médica-veterinária Mariana Ferreira compartilhou sua vivência no Canadá, evidenciando as diferenças no tratamento da radioproteção. Lá, o acesso às áreas de exames radiológicos só é permitido após treinamento específico e com uso de dosímetro. “Todo mês, eu recebia meu relatório de dosimetria. É muito diferente do que vejo acontecendo aqui”, comentou Mariana, que defendeu uma mudança cultural urgente no Brasil: “Precisamos transformar a proteção radiológica em uma preocupação de 100% dos radiologistas veterinários”.

Educação continuada e próximos passos

O evento também foi uma oportunidade para reforçar a importância da educação continuada como ferramenta de transformação. Os palestrantes concordaram que o caminho para uma prática mais segura passa por conscientização, treinamento e cumprimento das normas existentes. “Não adianta termos normas sem fiscalização ou profissionais que as ignorem. É um trabalho de formiguinha, mas que precisa ser feito”, resumiu Vitor Molina.

Ao final do webinar, foram anunciadas parcerias entre a Sapra e a ABRV para oferecer o curso de capacitação e treinamento em Noções Básicas de Proteção Radiológica.

O Webinar pode ser assistido no site da Sapra Landauer.

Webinar: Proteção Radiológica na Medicina Veterinária

 

A Sapra, em parceria com a Associação Brasileira de Radiologia Veterinária (ABRV), convida você para o webinar: Proteção Radiológica na Medicina Veterinária, evento online e gratuito.

Conheça as melhores práticas para garantir a segurança em diagnósticos por imagem na área veterinária.

📅 Data: 09 de abril de 2025

🕒 Horário: 19h45

Palestrantes

Vitor Molina Gois, médico Veterinário (UFF-RJ), especialista em Radiodiagnóstico e Ultrassonografia (IVI-SP), vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária. Sócio-diretor da CHC Imagem, empresa de consultoria e telerradiologia veterinária.

Mariana Ferreira, médica Veterinária, segunda diretora secretária da Associação Brasileira de Medicina Veterinária. Experiência internacional no Canadá como responsável pelo Diagnóstico por Imagem da Staples Animal Hospital, professora de pós-graduação em Medicina Felina e Ultrassonografia.

Dra. Maria de Fátima Magon, física, responsável técnica e gerente de operações da Sapra Landauer.

Moderação

Yvone Maria Mascarenhas, física e diretora-presidente da Sapra Landauer.

Assista

Sapra Landauer: 46 anos de inovação e excelência em proteção radiológica

Tudo começou com um sonho, nascido da visão inovadora de Sérgio Mascarenhas, físico e inventor, professor emérito da Universidade de São Paulo e mentor de várias gerações. No ano de 1979, Mascarenhas viu uma oportunidade na área da física médica e decidiu levar seu conhecimento em dosimetria de radiações ionizantes além dos muros da academia.

“Eu tinha toda a tecnologia na minha mão, naquela época, eu entendia de dosimetria termoluminescente e radiação, que era o topo da tecnologia nessa época. Foi um negócio muito bonito sob o ponto de vista de você sair da academia e criar uma empresa de alta tecnologia, pequena, mas que depois cresceu.”Sérgio Mascarenhas – Im Memoriam. 

 

 

 

“Sem dúvida, o ambiente científico e cultural de São Carlos, com suas universidades, foi o fator predominante para o desenvolvimento da Sapra como uma empresa de alta tecnologia. E o fato da presença de muitos pesquisadores de nível internacional, de pesquisadores iniciantes fazendo suas teses, mestrados e doutorado, tudo isso é um fator de efervescência científica e cultural para a cidade de São Carlos, que dá reflexos positivos em empresas tecnológicas como a Sapra e outras que poderão se instalar em São Carlos ou tenham se instalado.” afirma a Profa. Yvone Mascarenhas.

Guiada pela visão de seu fundador e comprometida com a busca constante pela excelência, a Sapra se fortaleceu e expandiu sob a liderança dos filhos do professor Mascarenhas. Desde o início de suas atividades, a Sapra contou com o apoio do professor e pesquisador norte-americano John Cameron, pioneiro da dosimetria por termoluminescência.

Essa colaboração de alto nível científico é um reflexo da formação e atuação internacional da família Mascarenhas, que passou pelos melhores centros de pesquisa do mundo, formando uma rede global de conexões com cientistas de renome. Entre esses locais, destacam-se as universidades de Princeton, Harvard e o MIT, nos Estados Unidos, além de instituições renomadas no México, Japão, Reino Unido e Itália.

A Sapra, desde o início, sempre contou com uma equipe técnica muito comprometida. Os sócios Serginho, Yvone, Paulinho e Helena sempre contribuíram, cada um assumindo seu papel dentro da empresa. Ao longo de sua trajetória, a Sapra sempre se destacou por seu pioneirismo e expertise em dosimetria individual. Para isso, utilizou inicialmente a tecnologia de dosimetria termoluminescente, na época a melhor tecnologia disponível.

Já no início, a empresa desenvolveu seus próprios leitores de TLD, o que foi algo inédito no país. Isso gerou uma expertise muito grande e contribuiu para que a Sapra se tornasse uma referência na área de dosimetria. Na década de 90, o surgimento e o fortalecimento de normas instituídas por órgãos oficiais, como a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a Anvisa e o Ministério do Trabalho, tornaram obrigatório o uso de monitoração individual para os indivíduos ocupacionalmente expostos.

Essa condição, em linha com as melhores práticas e regulamentações internacionais, impulsionou ainda mais o crescimento da empresa e sua expansão no mercado. Com a ampliação das atividades, chegaria o momento de mudar. A Sapra precisava de um espaço que acompanhasse seu crescimento e suas novas demandas. Foi então que Helena Mascarenhas assumiu o desafio de criar o novo prédio, projetado especificamente para otimizar as atividades do laboratório de dosimetria.

Em 1998, em um movimento societário estratégico, a Sapra uniu-se à Landauer, a maior empresa de dosimetria individual do mundo, passando a se chamar Sapra Landauer. Essa fusão ampliou ainda mais o acesso a tecnologias de última geração, como a dosimetria por luminescência opticamente estimulada, conhecida pela sigla OSLD.

“O método de dosimetria OSLD é uma dosimetria mais nova, mais recente do ponto de vista tecnológico. Várias são as vantagens que este sistema nos traz. Dentre elas: a possibilidade de releitura e reanálise integral dos dosímetros. Isso garante uma maior confiança para o resultado aos nossos clientes.” – Dra. Yvone Maria Mascarenhas

A relação entre a Sapra e a Landauer também envolveu colaboração tecnológica permanente. Uma das atividades conjuntas foi o desenvolvimento de software para os equipamentos OSL, incluindo o InLight Data Review e os programas de leitura para dispositivos InLight e Microstar. Além disso, a Sapra desenvolveu processos e métodos especializados para recuperação de óxido de alumínio, um material usado na fabricação dos dosímetros OSL.

Com sua liderança consolidada no Brasil, a Sapra Landauer deu um passo ainda maior, expandindo sua atuação para a América Latina. Em 2007, foi criada no México a Alsa, numa fusão empresarial entre a Arsa, do México, Landauer, dos Estados Unidos, e a Sapra, no Brasil. Hoje, a Alsa se destaca como líder no setor de dosimetria individual no mercado mexicano.

Empenhada em criar vínculos sólidos entre pessoas e instituições, a Sapra sempre cultivou uma relação muito próxima e atenciosa com seus sócios, colaboradores e parceiros. Esse ambiente de confiança e cooperação é um aspecto fundamental para o sucesso da empresa. Eventos, visitas técnicas, diálogo constante, além da participação em reuniões e treinamentos internacionais, ajudaram a fortalecer parcerias e a estabelecer colaborações sólidas e produtivas.

A Sapra Landauer se empenhou na produção de conhecimento científico e tecnológico, assim como na promoção e difusão da cultura de proteção radiológica no Brasil. Desenvolvendo pesquisas, participando de congressos, formando recursos humanos e oferecendo treinamentos presenciais e a distância, além de webinares técnicos gratuitos.

Em 2017, a aquisição da Landauer pela Fortive, nos Estados Unidos, marcou o início de um novo capítulo na história da Sapra Landauer, abrindo portas para ainda mais crescimento e inovação.

Guiada pelos valores e por sua visão fundadora, e fortalecida por novas conexões internacionais, hoje a Sapra Landauer é uma organização ainda mais sólida e integralmente comprometida com a qualidade de seus serviços. “A certificação da CNEN e a certificação ISO 17.025 é o resultado do nosso compromisso com a qualidade e reflete a excelência de seus serviços ao longo desses 45 anos.” comenta Dra. Maria de Fátima Magon

Olhando para o futuro, a Sapra Landauer continua a avançar com determinação e inovação, mantendo sempre o compromisso de proteger vidas por meio de processos seguros, gestão dedicada e alta tecnologia.

Sapra Landauer recebe ISO 17025 e reforça compromisso com qualidade e competência técnica

 

A Sapra Landauer recebeu o Certificado de Acreditação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO – ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017, para o Serviço de Ensaio de Monitoração Individual Externa de Corpo Inteiro em Exposição Externa para campos de radiação X e Gama, utilizando o Sistema de Dosimetria Oticamente Estimulada (OSLD).

A acreditação para dosimetria por OSLD (Optically Stimulated Luminescence Dosimetry) de corpo inteiro é uma das certificações mais importantes para laboratórios de dosimetria ao redor do mundo. A norma internacional assegura que os procedimentos adotados pela empresa estejam alinhados com os mais altos padrões globais de qualidade e competência técnica, promovendo resultados consistentes e confiáveis.

A ISO/IEC 17025 é essencial para garantir a uniformidade dos métodos de calibração e ensaio entre laboratórios de diferentes países, facilitando a padronização de procedimentos e rastreabilidade. 

Com essa acreditação, a Sapra Landauer reafirma seu compromisso em fornecer serviços que atendam às exigências de competência técnica, operação consistente, boas práticas profissionais, rastreabilidade, imparcialidade, confidencialidade e satisfação de clientes, fundamentais para a segurança e confiabilidade dos dados gerados.

“Obter essa certificação coloca a Sapra em um novo patamar de reconhecimento e competência técnica, alinhando nossos processos às melhores práticas globais”, destacou a Dra. Yvone Maria Mascarenhas, física e diretora-presidente da Sapra Landauer. Além disso, a acreditação também é um diferencial competitivo, pois, além de garantir a qualidade do sistema de gestão da qualidade, ela valida a capacidade técnica da empresa para emitir relatórios de doses.

“A acreditação ISO/IEC 17025 para dosimetria OSLD de corpo inteiro é um selo de confiança que garante a precisão e a qualidade dos serviços prestados pela Sapra. Esta norma estabelece critérios rigorosos que validam nossa competência técnica, assegurando que nossos resultados sejam confiáveis, independentemente de onde os nossos clientes estejam”, completa a diretora-presidente da Sapra Landauer. 

Acreditação

O processo de acreditação é conduzido no Brasil pelo Inmetro, e inclui rigorosas avaliações do sistema de gestão de qualidade, incluindo infraestrutura, estrutura organizacional, garantia da validade dos resultados (por exemplo, ensaios de proficiência) e requisitos de sistema de gestão, assegurando que as medições realizadas pelo laboratório sigam o padrão internacional de pesos e medidas. 

A física, responsável técnica e gerente de operações e do sistema da qualidade da Sapra Landauer, Dra. Maria de Fátima de Andrade Magon, conduziu todo o processo de acreditação com a equipe da empresa e destaca: “O reconhecimento da ISO 17025 reforça o compromisso da Sapra Landauer, com a excelência operacional e técnica, a gestão de pessoas comprometidas com a imparcialidade, confidencialidade e determinada na melhoria contínua na qualidade dos serviços de dosimetria individual da Sapra Landauer.”

Com a nova certificação, a Sapra Landauer consolida sua posição de liderança no mercado e amplia sua capacidade de atender seus clientes de maneira eficiente, oferecendo serviços técnicos de alta confiabilidade. Essa conquista reflete o esforço contínuo da empresa em inovar e entregar soluções de monitoramento e proteção radiológica que estejam à altura dos desafios globais.

“Para nossos clientes, a escolha de um laboratório acreditado significa garantir a segurança e a qualidade dos resultados. Com a ISO/IEC 17025, asseguramos um ambiente de trabalho organizado, sistema de dosimetria calibrado e uma equipe altamente treinada, comprometida em oferecer os melhores serviços”, conclui  Dra. Maria de Fátima. 

 

É preciso mudar o enfoque da educação das meninas e incentivá-las a ter persistência, diz física Yvonne Mascarenhas

“É preciso mudar o enfoque da educação das meninas e incentivá-las a ter persistência diante das dificuldades. O cérebro feminino é tão capaz quanto o masculino.” A afirmação é da cientista Yvonne Primerano Mascarenhas, a primeira mulher a ocupar uma cadeira no Departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), em 1956, e uma das pioneiras na fundação do então Instituto de Química e Física de São Carlos (IQFSC/USP).

Em entrevista exclusiva ao blog da Sapra Landauer, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres, a professora Yvonne Mascarenhas contou parte de sua trajetória profissional e falou sobre a importância de abrir caminho para as mulheres na ciência, estimulando essa atuação desde cedo, com mudanças na educação – dentro e fora das escolas – e com bons exemplos.

“Toda vez que uma mulher é premiada na ciência, outras se inspiram. Esse reconhecimento é um reforço para que mais mulheres assumam o mesmo tipo de atividade. Atualmente isso é até mais viável, já que não existem aquelas famílias numerosas, que obrigavam as mulheres a assumir os afazeres do lar. Hoje, vemos muitos casais que dividem a condução do lar; os dois trabalham e colaboram com as atividades domésticas de forma organizada e isso é uma grande evolução”, observou Yvonne, que teve uma carreira brilhante na ciência.
Foi pesquisadora na Universidade de Princeton, professora visitante no Instituto Politécnico Nacional do México, orientou inúmeros Mestrados e Doutorados e, em 1998, recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-Cruz, concedido pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Para ela, o mesmo olhar que permitiu às mulheres essa abertura profissional, deve ser ampliado também para a educação na sociedade. “Quando você vai comprar um brinquedo para uma criança, a primeira questão do vendedor é se quem vai ganhar o presente é menino ou menina. Se for menina, ele te leva para a seção de bonecas e pequenas cozinhas; já se for menino, você é direcionada para a seção de games e eletrônicos. Ou seja, o estímulo às meninas pode começar daí, desde cedo”, ressaltou a cientista.

Nascida em Pederneiras em 1931, Yvonne mudou-se para o Rio de Janeiro aos 10 anos. Neta de imigrantes italianos, carrega consigo a força intrínseca da família, que precisou lutar para se estabelecer no Brasil. Seus pais – Francisco Primerano e Luiza Lopes Primerano – consideravam prioritário o recurso para educar os filhos, tanto que além dela, suas duas irmãs seguiram carreira científica: uma como professora de Física na Unicamp e outra como física médica nos EUA, especializando-se no tratamento de câncer por radiação.

(Foto: Léo Ramos Chaves | Revista Pesquisa FAPESP)

(Foto: Léo Ramos Chaves | Revista Pesquisa FAPESP)

Ainda menina, Yvonne teve aula com a escritora Cleonice Berardinelli, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), com quem aprendeu a amar poesias e a língua portuguesa. A acadêmica Cleonice, falecida recentemente, era considerada uma referência em estudos da literatura portuguesa, e a influenciou sobremaneira.

“Sempre fui introspectiva, gostava muito de ler e tive sorte de ser aluna da professora Cleonice Berardinelli, que me inspirou muito, tanto que cheguei a pensar em seguir carreira nessa área. Mas no Curso Clássico (atual Ensino Médio), tive um professor de química muito bom e colegas interessantes, como a Anna Maria Endler, uma grande amiga. Analisando tudo o que eu poderia desenvolver na vida, compreendi que eu seria mais útil seguindo carreira de química. E durante a graduação em Química, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), me encantei com a disciplina de físico-química, ao estudar as transformações no sentido de transferência de energia”, contou.

Assim, em 1954, após graduar-se em química, Yvonne obteve o título de bacharel em Física pela Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro). E em 1956, foi contratada como professora assistente pela Escola de Engenharia de São Carlos, na época única unidade da Universidade de São Paulo na cidade, onde Yvonne se estabeleceu e construiu carreira, desempenhando importante papel na vida de seus colegas e pupilos, na formação da cristalografia no Brasil e na consolidação do IFSC-USP, do qual foi sua primeira diretora, entre 1994 e 1998, logo após o desmembramento do IQFSC.

Carreira x Vida Pessoal

Para a professora Yvonne, o fato de se mudar para uma cidade do interior de São Paulo facilitou a conciliação da vida pessoal e profissional, o que, muitas vezes, acaba sendo um impedimento para que mulheres sigam na carreira científica. “No Rio de Janeiro, tive que limitar minhas atividades quando meu primeiro filho nasceu. Parei com aquelas que exigiam minha ida ao laboratório e comecei a dar aulas particulares em casa. Por outro lado, morando em São Carlos, tudo ficou mais fácil, porque as distâncias eram menores”, explicou.

A carreira em pesquisa é árdua e exige dedicação, um desafio para mulheres que querem conciliar trabalho e família. Segundo dados da Unesco, as mulheres representam 33,3% de todos os pesquisadores no mundo e apenas 12% delas são membros de academias científicas nacionais. A presença de pesquisadoras cai ainda mais quando o foco está em tecnologia e inovação: apenas uma em cada cinco profissionais atua nessas áreas.

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2015, justamente como forma de aumentar a conscientização sobre a presença e a excelência das mulheres na ciência.
“A presença da mulher é importante para que ela possa dar sua contribuição natural, afinal, a mulher tem grande sensibilidade e, em geral, contribui com a qualidade do ambiente de trabalho, o que faz toda diferença no sucesso das pesquisas. Dizem que a mulher escolhe caminhos indicados por sua intuição, e o que chamamos de intuição, na verdade, é a experiência acumulada” observou a professora Yvonne.

Barreira Educacional

Para a física, é fundamental suplantar a barreira educacional para que as jovens tenham mais coragem e condições de percorrer o caminho da ciência. “Frequentemente, as mães falam para as crianças: isso seu pai resolve ou deixe com o seu pai que é coisa de homem. Ou seja, há um direcionamento desde cedo. Mas é uma questão de expor a menina a ter experiências interessantes na área de pesquisas. Já temos leis que garantem todos os nossos direitos, antigamente não se aceitavam mulheres na Engenharia ou na Medicina. Hoje, tudo está aberto, só precisa mudar o enfoque da educação das meninas, desde a tenra idade”, ressaltou.

Desde que se aposentou, em 2001, decidiu atuar na difusão do conhecimento em escolas públicas. Teve vários projetos apoiados pela FAPESP e pelo CNPq.“Sempre gostei de me sentir útil e achei que poderia ajudar pessoalmente alunos da rede. Então, procurei escolas com professores interessados em receber esse apoio e iniciei esses projetos, com foco em mudar o padrão da educação das meninas. Sempre gosto de reforçar que o cérebro feminino é tão capaz quanto o masculino, só precisa treinar na direção certa”, afirmou.

Persistência

Um detalhe que não pode passar despercebido é a persistência que as cientistas precisam ter para seguir carreira em pesquisa, aliás, como em qualquer outra área de atuação. Durante a entrevista, a professora Yvonne citou o livro de sua amiga Anna Maria Endler, pesquisadora titular emérita do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

“Perseverança” conta a história de Anna, uma das primeiras pesquisadoras na área de física no Brasil, suas conquistas e dificuldades inseridas no cenário cotidiano da segunda metade do Século XX. A autora ressalta quatro princípios que sempre lhe foram essenciais: convicção, retidão, verdade e justiça, além da perseverança, claro.

A professora Yvonne a cita com admiração e já recomendando a leitura da obra e a prática de seus ensinamentos. “As mulheres que mais admiro foram justamente aquelas que não se deixaram vencer diante dos reveses da vida, como a Anna Maria. E esse é o caminho, precisamos incentivar as meninas a ter persistência, mesmo que a caminhada seja árdua. Tem que saber o que se quer, treinar o cérebro para ser focado e persistir”, finalizou Yvonne Mascarenhas.