Livro enfoca radiobiologia, da pesquisa às aplicações na radioterapia clínica

De autoria da Dra. Helena Segreto, é o primeiro livro escrito em português, em parceria com Dr. Roberto Segreto e pesquisadores das universidades de Harvard e Oxford.

A radiobiologia é uma área da ciência que oferece os fundamentos biológicos para o uso da radiação ionizante no tratamento de doenças, em especial o câncer – a radioterapia. A partir dela, consegue-se entender os diferentes esquemas de fracionamento de radiação, a fim de otimizar o binômio morte da célula tumoral e preservação do tecido normal.

É considerada a base da ação da radioterapia para que assim, se tenha uma visão mais crítica e ampla do tratamento e possa se fazer as modificações necessárias. Através desta ciência, é possível compreender os efeitos biológicos  da radiação e relacioná-los com a necessidade da radioproteção de profissionais e pacientes.

Esses são alguns dos enfoques do livro “Radiobiologia, da Bancada à Clínica”, de autoria da Profa. Dra. Helena Regina Comodo Segreto, o primeiro escrito na língua portuguesa. Editada em 2016 pela Editora Scortecci, a publicação foi escrita em parceria com pesquisadores das universidades de Harvard e Oxford: Kathryn D. Held, professora Associada do Departamento de Radio Oncologia de Harvard Medical School, e Barry D. Michael, cientista emérito e professor do Departamento de Radio Oncologia da Universidade de Oxford, além do Prof. Dr. Roberto Araújo, do Departamento de Oncologia Clínica e Experimental, Setor de Radioterapia da UNIFESP/EPM.

Dra. Helena é Professora Associada do Departamento de Oncologia Clínica e Experimental, Laboratório de Radiobiologia, Setor de Radioterapia da UNIFESP/ EPM e membro da Sociedade Brasileira de Radioterapia e da Asociación Ibero Latinoamericana de Terapia Radiante Oncológica.

“Radiobiologia, da Bancada à Clínica” aborda a radiobiologia, a radioterapia e a oncologia clínica de forma ampla e direta. O objetivo é servir estudantes e profissionais das mais diversas formações acadêmicas que atuam nestas áreas.

“Abordamos os aspectos básicos da radiobiologia, da pesquisa de bancada às suas aplicações práticas na radioterapia clínica. Nos seminários que ministramos desde os anos 2000, vínhamos observando uma demanda importante de uma publicação em português sobre o tema, de fácil leitura e compreensão, principalmente para profissionais em início de carreira, como estudantes e os residentes médicos. A radioterapia é multidisciplinar, além de médicos, também envolve físicos, dosimetristas, enfermeiros, dentistas, técnicos, dentre muitos outros. O livro é esclarecedor para estes profissionais. E para os mais experientes, também servirá como consulta para tirar dúvidas”, afirma Dra. Helena. “Foi nesse sentido que decidimos unir forças e escrever esta obra com o material de nossas aulas. Abordamos o assunto numa publicação de leitura acessível, desde o início dos experimentos até os embasamentos clínicos”, completa ela.

No livro, Dra. Helena destaca, entre outros tópicos, os fundamentos da radiobiologia na radioterapia, entre eles, o fracionamento de doses. De acordo com a publicação, a primeira menção de fracionamento de doses em radioterapia veio de experimentos realizados na década de 1920 e 1930, na França, em testículos de carneiros. Os fundamentos teóricos para este protocolo convencional utilizado na radioterapia vieram mais tarde, na década de 1970, com os chamados 5Rs, que são: redistribuição, reparo da lesão sub-letal, repopulação, reoxigenação e radiosensibilidade.

“Fracionando-se a dose, permite-se reparo de lesão sub-letal (RLSL) do tecido normal de resposta lenta e a repopulação do tecido normal de resposta rápida, entre as frações. Ao mesmo tempo, dividindo-se a dose em frações, aumenta-se a lesão nas células tumorais em consequência da reoxigenação e redistribuição das células nas fases mais sensíveis do ciclo celular (G2/M). O quinto R é atribuído à radiosensibilidade do tecido irradiado e depende das características moleculares do mesmo. Atualmente, tem sido proposto o sexto R, que se refere à resposta imune tumoral local e à distância.

A radiação induz sinais inflamatórios e a liberação de antígenos tumor-específico que estimulam a imunidade local e sistêmica”, aponta a especialista, em um dos capítulos que trata da radiobiologia em radioterapia.

Ainda de acordo com a Dra. Helena, o livro foi lançado no I Curso Internacional de Radiobiologia do Hospital do Amor, em Barretos, em 2016. Esse curso é uma continuação dos nove cursos realizados anteriormente na UNIFESP, entre 2000 e 2016. A meta agora é continuar aprofundando periodicamente os temas discutidos em “Radiobiologia, da Bancada à Clínica”.

E um dos caminhos para isso é continuar realizando os cursos Internacionais de Radiobiologia a cada 2 anos agora no Hospital do Amor.

“Acredito que o interesse no assunto abordado no livro será crescente, pois, à medida em que a população envelhece, a probabilidade da ocorrência do câncer aumenta, e consequentemente, a necessidade de entender como tratar e implementar protocolos terapêuticos também aumentam. Assim, o ensino da radioterapia, importante estratégia terapêutica do câncer, certamente será mais valorizado e aos poucos incorporado na graduação médica, a exemplo de outros países.  Para mim, essa possibilidade de passar o conhecimento, responder dúvidas sobre aquilo que escrevemos e estar perto dos alunos, é uma forma de estar sempre atualizada e manter o espírito jovem. E conhecendo a dedicação e o empenho dos autores envolvidos na execução dessa obra, certamente prosseguiremos na atualização dos jovens profissionais que se dedicam à radioterapia”, finaliza a Profa. Dra. Helena Regina Comodo Segreto.

Entrevista: Físico da Santa Casa SP ressalta importância das ações de proteção radiológica

Rafael Eidi Goto, físico supervisor de proteção radiológica na Unidade Estratégica de Serviço de Diagnóstico por Imagem da Santa Casa de São Paulo acompanhou encontro técnico da Sapra

A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo esteve representada no Encontro Técnico de Proteção Radiológica em Radiologia Intervencionista, realizado pela Sapra Landauer, no último dia 22 de agosto, no Hotel Estanplaza Paulista, em São Paulo. O físico Rafael Eidi Goto, supervisor de proteção radiológica na Unidade Estratégica de Serviço de Diagnóstico por Imagem da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e vice-diretor dos cursos de Graduação Tecnológica da Faculdade de Ciência Médicas da Santa Casa de São Paulo “FCMSCSP”, acompanhou as palestras das físicas Yvone Mascarenhas e Rochelle Lykawka.

Ao final, ele comentou alguns indicativos apontados nas apresentações das palestrantes e destacou a importância do evento realizado pela Sapra Landauer.  

Segundo Goto, os dados que mostram o aumento de doses dos profissionais que trabalham diretamente com hemodinâmica reforçam a importância de se discutir o assunto em encontros técnicos similares.

“Dentro deste contexto de aumento das doses também se faz necessário o aumento da fiscalização e da intervenção do profissional de física médica juntos aos profissionais ocupacionalmente expostos. Os profissionais têm que ter a ciência de que a monitoração é necessária e de que o uso de dosímetro é de extrema importância”, defendeu o físico.

Na opinião do supervisor de proteção radiológica da Santa Casa de São Paulo, um dos principais desafios dos comitês que atuam nas instituições de saúde é justamente a conscientização dos usuários para a importância do uso do monitor.

“E também os profissionais precisam entender que não se trata de uma medida punitiva do conselho de proteção radiológica. É uma ação preventiva e de proteção da própria saúde do trabalhador que, inclusive, deve ser adotada em conjunto com medicina do trabalho”, ressaltou.

Goto avalia que os treinamentos e cursos de capacitação dados pelos comitês têm apresentado resultados positivos. “Os profissionais, em geral, têm se mostrado mais conscientes em relação à proteção radiológica. No nosso serviço, o registro de dose não está relacionado ao aumento no número de procedimentos, mas sim à adoção do uso do dosímetro”, apontou. “Claro que ainda existem profissionais que não utilizam o equipamento individual. Nestes casos, eu acredito em esquecimento, falta de cultura ou até mesmo outras razões que o impeçam de se dirigir ao quadro de dosímetros todos os dias. Alguns ainda levam o dosímetro para casa, mesmo sabendo que isso não deve ser feito”, acrescentou o físico.

Diante deste cenário, Goto reforça que os comitês de proteção radiológica estão atentos e agindo, intervindo junto aos funcionários, através de treinamentos e capacitação. “É fundamental a atuação dos supervisores das unidades e as ações dos comitês de proteção radiológica”, concluiu o físico supervisor de proteção radiológica na Unidade Estratégica de Serviço de Diagnóstico por Imagem da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Entrevista: Física da DASA defende a informação como aliada da proteção radiológica

Fátima Faloppa Rodrigues Alves participou do encontro técnico sobre radiologia intervencionista da Sapra Landauer

A DASA – Diagnósticos da América, uma das maiores prestadoras de serviços de medicina diagnóstica da América Latina, que oferece mais de 3 mil tipos de exames de análises clínicas e diagnósticos por imagem, também esteve presente no do Encontro Técnico de Proteção Radiológica em Radiologia Intervencionista, dia 22 de agosto, no Hotel Estanplaza Paulista, em São Paulo, representada por Fátima Faloppa Rodrigues Alves, coordenadora de física médica.

Depois de acompanhar a palestra da física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas e a palestra da física Rochelle Lykawka , ela elogiou o encontro, que definiu como esclarecedor.

“Por causa do aumento do número de procedimentos na medicina intervencionista, a incidência de doses está cada vez maior. E isso vem ocorrendo principalmente no caso das crianças, que formam o público que demanda mais atenção e cuidado. Então, é importante a conscientização dos profissionais envolvidos. Como também é importante que as pessoas conheçam os equipamentos e o que eles podem oferecer de qualidade de imagem, com baixas doses. A informação é essencial”, declarou a física.

Ela também comentou o fato levantado na palestra de Rochelle Lykawka, a respeito de alguns médicos ainda realizarem procedimentos sem proteção radiológica. “Eu acho que essa resistência diminuiu bastante, principalmente entre os técnicos e tecnólogos. No caso dos médicos, talvez um pouco menos. Por isso, é importante promover cursos e treinamentos sobre o tema. E os comitês de proteção radiológica das instituições também estão trabalhando muito neste sentido”, avaliou.

Para Fátima, a iniciativa da Sapra de promover o debate sobre redução de doses reforça a responsabilidade da empresa com seus parceiros. “Foi realmente muito esclarecedor. Este tipo de evento que é realizado pela Sapra é sempre muito produtivo e eu sugiro que tenha continuidade”, disse a física da DASA, que também tinha marcado presença no encontro Encontro Técnico de Proteção Radiológica nas Áreas Médica e Industrial da Sapra, em março último.

GPR ONLINE – No intervalo das palestras, a coordenadora de física médica ainda conversou com Eurides Anselmo Queiroz, do setor de informática da Sapra, que esteve no encontro expondo e esclarecendo dúvidas sobre o sistema GPR Online, serviço desenvolvido e disponibilizado pela empresa aos parceiros para otimizar o trabalho de profissionais responsáveis pelos setores de proteção radiológica.

Através do sistema, eles podem fazer consultas online de relatórios de doses mensais, acessíveis assim que analisados e gerados na base de dados da Sapra Landauer; podem consultar doses mensais e acumuladas por usuário, por grupo de usuários por setor e por instituições afiliadas; consultar o movimento de envio e recebimento dos monitores a partir da base de dados da Sapra; efetuar alterações, inclusões e exclusões de usuários e transferências entre instituições afiliadas e consultar o cadastro informatizado de usuários e instituições de acordo com os padrões da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Entrevista: Físico alerta para efeitos biológicos da radiação e destaca a dosimetria em tempo real

Renato Dimenstein participou do encontro técnico sobre radiologia intervencionista realizado pela Sapra Landauer no dia 22 de agosto

O aumento do risco da incidência a catarata é uma das possíveis consequências da exposição continuada do médico intervencionista à radiação ionizante. A advertência foi feita o físico Renato Dimenstein, que participou do Encontro Técnico de Proteção Radiológica em Radiologia Intervencionista, dia 22 de agosto, no Hotel Estanplaza Paulista, em São Paulo. O físico sugere o uso da dosimetria em tempo real, principalmente no caso dos profissionais que atuam na hemodinâmica e vascular.  “Alguns efeitos biológicos podem ser minimizados, tais como a incidência de catarata e de epilação. o monitoramento da dose de radiação em tempo real, possibilita uma mudança de atitude dos médicos usuários destas tecnologias e consequente diminuição dos efeitos deletérios” afirma Dimenstein.

A solução da dosimetria em tempo real, a que ele se refere, auxilia médicos e funcionários de instituições de saúde no controle da exposição a doses em tempo real em um monitor, com ajuda de gráficos de barras, de forma a ajustar o comportamento para minimizar a exposição desnecessária à radiação. Isso porque a natureza dinâmica do ambiente de trabalho pode levar a exposição à radiação maior do que o necessário.

Esse tipo de dispositivo pode ser utilizado em procedimentos com equipamentos de diagnóstico e/ou de intervenção, bem como em salas cirurgias híbridas. “É preciso usar a tecnologia de imagem forma correta e os profissionais têm consciência disso. Mas eles não têm a ferramenta, que é a dosimetria em tempo real”, avalia Dimenstein.

O físico também elogiou a iniciativa da Sapra de promover o debate sobre o assunto, através da realização de encontros técnicos. “Eventos como este são capazes de transformar a linguagem de física em linguagem palatável aos médicos e representantes de empresas presentes e talvez possam ajudá-los a atender a importância da proteção radiológica dos profissionais e dos pacientes”, destacou.

No primeiro encontro técnico realizado neste ano pela Sapra Landauer, em março, também em São Paulo, Renato Dimenstein foi um dos palestrantes e abordou “Os aspectos físicos da redução de doses de radiação em exames de Raios X, tomografia, medicina nuclear e mamografia, sem interferência na qualidade de imagens diagnósticas”.

Renato Dimenstein é autor de várias publicações na área de física médica e proteção radiológica.

Entrevista: EBCO Systems participa de encontro técnico da Sapra

Empresa utiliza equipamentos com raios X para inspecionar  grande parte dos contêineres movimentados nos portos e postos de fronteira brasileiros

A EBCO Systems, parceira da Sapra Landauer que atua nos principais aeroportos e portos do Brasil, desenvolvendo soluções de inspeção não intrusiva de cargas e contêineres por raios X, participou do Encontro Técnico de Proteção Radiológica em Radiologia Intervencionista, dia 22 de agosto, no Hotel Estanplaza Paulista, em São Paulo.

O coordenador de Proteção Radiológica da empresa, Marcelo Ceolin, presente no evento da Sapra, explicou que a EBCO inspeciona grande parte dos contêineres movimentados nos portos e postos de fronteira brasileiros, utilizando, para isso, equipamentos de scanners com acelerador de elétrons.

Em função destas atividades, segundo ele, a EBCO atua na área de inspeção de segurança e cumpre todas das diretrizes e normas da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) para os serviços realizados no Brasil. O quadro de colaboradores do serviço de radioproteção conta com supervisores de proteção radiológica, certificados pela CNEN em aceleradores de partículas e radiografia industrial.

Ceolin destaca que o serviço de proteção radiológica da EBCO exerce o controle de todas as instalações radiativas assistidas pela empresa, de seus colaboradores e do público que frequenta estas áreas. Desta forma, fica assegurado o padrão adequado de proteção radiológica.

“Neste tipo de equipamento que chamamos de scanner é gerado raios X, por intermédio de um acelerador de elétrons, a fim de inspecionar as cargas que chegam e saem dos portos. O operador não tem contato algum com a radiação durante a inspeção, pois é um equipamento totalmente seguro, mas nem por isso eles deixam de ser monitorados. Por isso, eles usam o dosímetro individual e a empresa mantém ainda dosímetros de área, espalhados por locais estratégicos. Todos são monitorados mensalmente e têm ciência da dose a que são submetidos mensalmente. O histórico é sempre ANR (abaixo do nível de registro), mas o processo é seguido à risca”, detalha ele, acrescentando ainda que os funcionários são constantemente treinados e detém certificação para prestação dos serviços de inspeção de contêineres e cargas.

Para Ceolin, eventos como o encontro técnico promovido pela Sapra é fundamental para empresas que atuam no mercado utilizando equipamentos que emitem radiação, como é o caso da EBCO.

“É muito importante ter acesso a informações sobre dosimetria, a mudanças e atualizações dos equipamentos. É fundamental esse contato e a possibilidade de conversar, tirar dúvidas pessoalmente. E tudo isso é possível  neste tipo de evento promovido pela Sapra”, concluiu.

Entrevista: Proteção radiológica: professora de Radiologia defende conscientização de profissionais e da população

Coordenadora do curso de Radiologia do Colégio Papa Mike acompanhou palestras sobre proteção radiológica na medicina intervencionista da Sapra.

O Colégio Papa Mike esteve representado no Encontro Técnico de Proteção Radiológica em Radiologia Intervencionista promovido pela Sapra Landauer, no dia 22 de agosto, em São Paulo, pela coordenadora do curso técnico de Radiologia, Renata Duque, professora em radiologia médica.

“Somos uma instituição de ensino e trabalhamos para que o profissional inicie sua carreira já com consciência em proteção radiológica. Por isso, este tipo de evento é muito importante”, declarou Renata Duque. Segundo ela, quando se formam, os alunos saem aptos para trabalhar em centros de diagnóstico por imagem, em hospitais, clínicas e unidades básicas de saúde. Eles atuam na radiologia com competências para posicionamento dos pacientes submetidos a exames radiográficos, no processamento e manipulação de imagens analógicas e digitais, bem como na correta aplicação das normas de biossegurança, de proteção radiológica e qualidade de imagem com rigor teórico, ética e responsabilidade técnica.

“Visando justamente a cultura de proteção radiológica desde a formação profissional, nós abordamos o tema em aula e também promovemos diversas atividades extracurriculares, como a jornada de radiologia, projetos sociais  e palestras, como estas que estamos aqui acompanhando”, afirmou ela. “Nós procuramos sempre parcerias, como esta com a Sapra. Elas são fundamentais na formação do nosso aluno, porque através destas palestras ele tem acesso a informação atualizada sobre a dosimetria e proteção radiológica”, acrescentou.

A especialista defende ainda a conscientização da população em geral. “Existe ainda muita resistência entre os profissionais, mas temos que trabalhar essa cultura de proteção radiológica na população, porque a maioria, infelizmente, desconhece os riscos reais da radiação”, concluiu Renata Duque.

O Encontro Técnico de Proteção Radiológica em Radiologia Intervencionista da Sapra Landauer ocorreu no último dia 22 de agosto, no Hotel Estanplaza Paulista. Os presentes acompanharam a palestra da física e diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Maria Mascarenhas, cujo tema foi “A importância e desafios do controle de doses de dosimetria pessoal em radiologia intervencionista”, e a palestra da física Rochelle Lykawka, que abordou o tema “Matriz de risco em aplicações de radiações ionizantes em centros cirúrgicos”.

Proteção radiológica com foco em pacientes infantis é tema de pesquisa e campanha de orientação

A Sapra Landauer entrevistou a médica e especialista em radiologia Mônica Bernardo para saber mais sobre sua pesquisa que estuda o impacto da radiação em crianças submetidas à tomografia computadorizada. A pesquisa se transformou em um projeto de conscientização implementado em unidades hospitalares, conforme explica o também médico Orlando Fittipaldi Junior, diretor de Gestão de Saúde da Unimed do Brasil 

Sobre os entrevistados

Mônica Oliveira Bernardo é médica especialista em radiologia e diagnóstico por imagem e atua nos hospitais Miguel Vila Nova Soeiro e Santa Lucinda de Sorocaba. Possui mestrado em Educação nas Profissões da Saúde pela Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde, da PUC São Paulo, e realiza, atualmente, o doutorado em Educação Médica pela Unicamp. Concluiu diversos cursos de aperfeiçoamento e especialização, principalmente na área de diagnóstico por imagem. É docente responsável pela área de Radiologia na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC São Paulo e foi diretora da TopImagem Medicina Diagnóstica. Desde 2008 é membro do Centro de Estudos da Unimed Sorocaba e de seu Comitê de Radiologia.

Orlando Fittipaldi Junior é médico e diretor de Gestão de Saúde da Unimed do Brasil


Sapra Landauer: Sabemos que crianças são mais sensíveis à radiação do que adultos, pois seus tecidos ainda estão em desenvolvimento. Quais são, então, os cuidados especiais de proteção radiológica a ser dedicados a esses pacientes de faixas etárias inferiores? 

Monica Bernardo: Os cuidados com a radiação devem ser tomados por todos os envolvidos desde os familiares, médicos solicitantes, médicos radiologistas executantes, técnicos de radiologia e gestores das Instituições.

O efeito da radiação absorvida pelo organismo é somatório e, considerando a longevidade dos indivíduos, os cuidados devem ser realizados em todas as idades principalmente em crianças menores de 4 anos e do sexo feminino.

Artigos publicados evidenciam a correlação de maior incidência de câncer (tumores cutâneos, linfoma, tumores de sistema nervoso central), assim como catarata precoce, nos indivíduos expostos, em relação aos não expostos.

Porém, o efeito em cada ser humano, ainda não é bem estabelecido, apesar de sabermos que o efeito da radiação pode causar mutação genética da célula. Existem diferentes fatores ambientais e genéticos que determinam a sensibilidade para cada indivíduo.

Os médicos solicitantes devem utilizar inicialmente de recursos clínicos e solicitar os exames seguindo protocolos de critérios consensuais apropriados de qualidade e medicina baseada em evidência para o diagnóstico correto, com ênfase na radioproteção. Estes protocolos das Sociedades de Especialidades, como a da Pediatria e a da Radiologia, são muito úteis para a orientação na prática médica diária e na tomada de decisão para a indicação de exames radiológicos.

Também devemos acrescentar a utilização de métodos de imagem alternativos como ultrassom e a ressonância magnética, cujo princípio de formação da imagem não utiliza radiação ionizante e possuem vários recursos para elucidar o diagnóstico. Além disso, o acesso ao banco de dados dos pacientes com análise dos exames prévios, auxiliam o médico a não solicitar exames repetitivos e desnecessários.

Os médicos radiologistas e a equipe técnica de Radiologia devem ficar atentos a utilizar protocolos de baixa dose e realizar instruções de trabalho programado e padronizado na rotina de execução de exame radiológico para garantir a menor exposição, protocolos adequados e personalizados para cada caso, de acordo com a suspeita diagnóstica, assim como evitar repetições.

Os pais devem guardar os exames radiológicos já executados e levar nas consultas médicas este histórico permitindo acesso aos resultados e às imagens. A sugestão proposta de utilização de uma carteirinha onde ficam os registros dos exames é porque ela serve como instrumento para a informação e também para auxiliar na conscientização dos familiares.

Muitas vezes, os pais desconhecem os efeitos da radiação e o excesso de zelo, induzem e pressionam os pediatras a solicitarem radiografias e outros exames desnecessários. A medicina defensiva tem sido uma preocupação mundial e precisa se tornar igualmente uma preocupação nacional.

As instituições devem manter os seus equipamentos de radiologia calibrados e em bom funcionamento, com testes periódicos de exames de qualidade com a menor dose possível, aplicado pelos físicos especializados em conjunto com a avaliação do radiologista.

Os gestores podem também promover educação permanente para sua equipe multidisciplinar, visando esclarecimentos aos clientes e preparo operacional da equipe técnica. Assim é possível garantir a continuidade da informação e a qualidade da imagem. 


Uma pesquisa de sua autoria realizada em 2013 como pós-graduação, mostra que a redução da dose de radiação em crianças submetidas à tomografia computadorizada não traz prejuízos para o diagnóstico. Como foi feita essa pesquisa e como sua contribuição científica tem repercutido, desde então, na área médica?

Monica Bernardo: Trata-se de uma projeto retro e prospectivo, quali e quantitativo com intervenção educacional. Através da revisão do banco de dados de dose de exames de tomografia de crânio na emergência pediátrica, estabelecimento de protocolos com redução de dose nos exames radiológicos, bem como a mudança de cultura e treinamento de pessoal, desde a solicitação de exame pelo pediatra, realização do exame pelos técnicos, protocolos de baixa dose com os radiologistas, e pessoal administrativo da recepção e enfermagem para a abordagem dos pais.

Utilizamos como base a Campanha Internacional com ênfase na Radioproteção conhecida como Image Gentle do Colégio Americano de Radiologia, ressaltando-se que seus critérios foram validados por uma comissão internacional.

O impacto no hospital escolhido para execução da pesquisa foi muito positiva, com aceitação dos familiares e pediatras, e estabelecimento de nova cultura com conscientização de toda a equipe de radiologia. Entrei em contato pessoalmente com todos os envolvidos no atendimento da emergência, procurando esclarecer e conscientizar sobre os riscos da radiação e apresentei os novos protocolos, além de realizar uma análise randomizada por amostragem.

A utilização da carteirinha foi bem aceita por todos e estimulou a Unimed Brasil a levar o projeto a nível nacional em 2014. Já em 2016, começou a desenvolver um projeto de implantação da campanha nas demais unidades no país, com a nossa participação direta.

Criamos um guia de implantação e instrumentos de conscientização em conjunto com a Unimed Brasil, e também realizamos a orientação para a criação da comissão de radioproteção e sua função nos Hospitais.

O projeto foi publicado em revistas e apresentado em congressos nacionais e internacionais. Neste ano de 2017, será desenvolvido um projeto que objetiva a criação de programa de educação permanente à distância e descrição da formação da comissão de radioproteção, já enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa. O projeto irá contar com a participação da comunidade acadêmica e o Hospital de Ensino.

Contamos também com apoio do Colégio Brasileiro de Radiologia no projeto nacional e esperamos poder auxiliar várias Unidades Hospitalares ou Instituições em relação à conscientização da radioproteção. O trabalho também reflete no cuidado com o adulto, pois uma vez mudada a cultura, desencadeia uma mudança progressiva modificadora nas demais faixas etárias.

A criação e análise do banco de dados das imagens é fundamental em todas as instituições hospitalares e foi muito bem aceita no sistema Unimed, assim como a carteirinha. Mas deve permanecer o incentivo contínuo para ser realmente implementada na cultura nacional.

Imagino o uso da carteirinha de radiação da mesma forma que a carteirinha de vacinação das crianças: a mãe leva em todas as consultas e as informações ficam disponíveis para consideração médica e dos demais profissionais de saúde. Os recém nascidos poderiam sair do berçário já com este instrumento.

Estimulamos o recurso alternativo do acesso virtual remoto pelo médico solicitante dos exames radiológicos dos pacientes, para aumentar a informação necessária do histórico do paciente, para a análise clínica, evitar solicitação repetida de exames e orientar na tomada de decisão na consulta.

Estou muito contente da repercussão do projeto a nível nacional e a aceitação pela comunidade de radiologia internacional nos congressos.

Tivemos a experiência com uma unidade em outro estado que instalou o programa em três meses com o guia elaborado em conjunto com nosso auxílio e a Unimed Brasil, o que foi um passo importante na demonstração de que podemos seguir na expansão no projeto.

A tendência será o desenvolvimento de indicadores de controle de dose de radiação reconhecidos internacionalmente. Espero ter a oportunidade de trabalhar neste sentido. 


Um dos principais resultados sociais de seu trabalho foi a organização de uma ampla campanha de proteção radiológica infantil no âmbito da Unimed. Como funciona essa iniciativa e quais os resultados práticos já obtidos com a campanha?

Monica Bernardo: Foi muito gratificante a parceria com a equipe da Unimed Brasil e creio que o projeto tenda a crescer mais.

Orlando Fittipaldi Junior: Acompanhando as diretrizes da campanha internacional com ênfase na Radioproteção conhecida como Image Gentle do Colégio Americano de Radiologia e em alinhamento com o Colégio Brasileiro de Radiologia, em maio de 2016 a Unimed do Brasil lançou uma campanha nacional com o objetivo de disseminar a implementação do Programa de Proteção Radiológica Infantil para todo Sistema Unimed.

Esta iniciativa visa conscientizar profissionais da saúde e clientes sobre os riscos relacionados à exposição excessiva aos raios ionizantes, reduzir a indicação de exames que não contribuem para o diagnóstico correto e criar condições para que os procedimentos sejam realizados com a menor carga de radiação possível.

A adoção da campanha implica na revisão dos riscos associados à radiação ionizante, dos protocolos e da interação clínica pelas instituições envolvidas. A disseminação de conhecimento baseado em evidências, seguindo as diretrizes das sociedades médicas representativas, fortifica o respaldo profissional e favorece o desenvolvimento da cultura de segurança.

A Unimed do Brasil tem atuado como facilitadora na implementação do programa para todo o Sistema Unimed, fornecendo material de suporte completo, além de um guia produzido com base na legislação e nas necessidades coletadas durante as reuniões periódicas de alinhamento com as Unimeds participantes.

Até o presente momento, houve adesão de 43 Unimeds ao Programa, destas, 14 já estruturaram uma Comissão de Radioproteção e iniciaram as atividades conforme previsto no guia de implementação, seguindo cronograma estruturado de acordo com a realidade local.

Os dados coletados mostram que a quantidade de atendimentos e a quantidade de exames realizados é maior para a faixa etária de 0 a 4 anos. A quantidade de exames por consulta também é maior para as menores faixas etárias (0-4 e 5-8 anos), o que ressalta ainda mais a relevância e a importância do programa.


Como tem sido a experiência de uso da carteirinha de radioproteção infantil da Unimed? Qual a importância de mantê-la atualizada em relação ao histórico de exames de diagnóstico por imagem realizados? Por fim, como garantir que seu uso seja cada vez mais efetivo e abrangente na rede de atendimento? 

Monica Bernardo: A possibilidade de informação de dados anteriores e a carteirinha como instrumento de conscientização do cliente é muito importante. Os dados no prontuário eletrônico são necessários para a instituição ter os arquivos acessíveis e rastreáveis aos médicos assistentes.

Além disso, a carteirinha é um documento da história de exposição radiológica do paciente, que ele pode levar consigo para todas as consultas ou ter acesso a ela por via remota virtual. A garantia do seu uso seria manter a divulgação da campanha por tempo prolongado com feed back das unidades e dos pacientes.

Orlando Fittipaldi Junior: A carteirinha tem como principal função o registro dos exames radiológicos realizados e tem funcionado como um instrumento de conscientização e envolvimento do cliente.

Por meio dessa carteirinha, é possível que os profissionais de saúde tenham conhecimento da frequência e da data de realização dos últimos exames, para então avaliar com segurança a necessidade da solicitação de um novo procedimento.

A conscientização dos familiares é muito importante para a efetividade do processo, assim como o estímulo do uso da carteirinha. O registro de dados do prontuário eletrônico é necessário para a instituição ter os arquivos acessíveis e rastreáveis aos médicos.


Em sua visão, como é possível ampliar e avançar, ainda mais, as iniciativas em prol da conscientização de pediatras, profissionais de nível técnico em radiologia e familiares de crianças expostas a exames radiológicos sobre os riscos e as medidas de proteção que envolvem o tema? O que ainda falta para que se adotem plenamente, no Brasil, as melhores práticas internacionais? 

Monica Bernardo: Creio que devemos continuar a estimular projetos de educação médica permanente, que tem atuação e impacto positivo, na aceitação, satisfação e segurança dos clientes e do médico. Assim como a melhora dos processos operacionais nas instituições.

Porém, este treinamento deve ser feito por especialistas com enfoque na realização de exames com baixa dose de radiação, protocolos corretos personalizados e uso de métodos alternativos de imagem como ultrassom e ressonância.

O apoio do Colégio Brasileiro de Radiologia possibilita uma melhor disseminação com segurança e demonstra a preocupação nacional e internacional no tema. O envolvimento da Sociedade de Pediatria também é essencial para garantir a divulgação nas gerações médicas seguintes.

A transmissão da informação do tema nas Instituições de Ensino Médico e nas Escolas técnicas de Radiologia também auxiliará na conscientização dos novos profissionais. A Anvisa determina obrigatoriamente que seja criada uma comissão de radioproteção com equipe multidisciplinar para os serviços de radiologia nos hospitais de ensino.

Com a participação do médico responsável, técnico radiologista, do supervisor de proteção radiológica com formação em física médica, Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, dos técnicos de radiologia, dos médicos solicitantes e dos colaboradores de assistência ao paciente.

Essa comissão pode ter como uma de suas finalidades, controlar a dose de radiação dos exames radiológicos, segundo as orientações da legislação nacional e internacional, bem como criar instruções de trabalho adequados personalizados em relação ao cenário de cada serviço e controles randomizados com auditoria interna documentada com indicadores, os quais serviriam para intervenção educacional e nos processos operacionais, além de formar uma equipe com foco na segurança do paciente e dos profissionais envolvidos.

A mudança na cultura deve ser também nas escolas médicas, técnicas, nas equipes multiprofissionais, em hospitais e meios de comunicação. A divulgação da campanha internacional Image Gentle, hoje, se estendeu a todos os continentes do mundo (Image Gentle, Image Wisely, Eurosafe, Afrosafe, Latin Safe, entre outros).

Sempre, com o cuidado de esclarecer e ressaltar aos pacientes a importância essencial dos exames radiológicos na área médica e que devem continuar sendo usados, só que de maneira adequada e indicada pelo médico, sem receio na sua realização, devido a sua grande utilidade e acurácia, sempre com supervisão do radiologista.


A dosimetria de radiações é um componente fundamental nos programas de proteção radiológica. Como a senhora avalia a qualidade dos serviços e do atendimento prestados pela Sapra Landauer nesse segmento?

Monica Bernardo: O controle de radiação é fundamental tanto para trabalhadores da área como para os pacientes. A Sapra tem um reconhecimento sério e adequado no mercado. Espero que continuem investindo nesta área.

Os testes de qualidade de imagem e adequação dos equipamentos para manter a acurácia diagnóstica e o controle da dosagem da radiação emitida pelos equipamentos e da dose absorvida pela pele do paciente é muito importante no monitoramento da radioproteção com eficiência.

DIRETORA DA SAPRA PARTICIPA DA JORNADA PAULISTA DE RADIOLOGIA

Evento é o maior da América Latina; apresentação de Yvone Mascarenhas explicou como funcionam as tecnologias de dosimetria TLD e OSL .

A diretora-presidente da Sapra Landauer, Yvone Mascarenhas, participou como palestrante, no último dia 7 de maio, da 47a edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR). O encontro é considerado o maior da área na América Latina e o quarto maior no mundo, reunindo mais de 15 mil pessoas no Transamérica Expo Center (TEC), em São Paulo.

O tema apresentado por Yvonne foi “Como Entender Dosimetria com TLD e OSL”, em referência às tecnologias de Dosimetria de Luminescência Termicamente Estimulada (TLD, na sigla em inglês) e Dosimetria de Luminescência Óticamente Estimulada (OSLD).

A apresentação integrou o painel sob tema “Como Entender Proteção Radiológica em Raios X com Método Experimental”, moderado pelo físico Phillip Patrik Dmitruk, professor da Santa Casa de São Paulo (leia sua entrevista no Blog da Sapra).

Na apresentação, Yvone explicou conceitos fundamentais associados a essas tecnologias de dosimetria, pontuando as vantagens da tecnologia OSLD, que é oferecida com exclusividade no Brasil desde 2015 pela Sapra Landauer.

Entre essas vantagens estão: alta precisão de medida, maior confiabilidade dos resultados, integridade das amostras e do sinal, possibilidade de releitura dos dados, uso continuado dos dispositivo, rastreabilidade dos dosímetros, reciclabilidade dos monitores e economia de energia empregada em sua fabricação.

A Sapra Landauer já teve diversas participações anteriores na Jornada Paulista de Radiologia ao longo dos anos. Na edição de 2015, por exemplo, a responsável técnica e gerente de Operação e da Qualidade da empresa, Maria de Fátima de Andrade Magon, apresentou a palestra “Dosimetria Pessoal: Desafios e Dificuldades e Novas Tecnologias em Dosimetria”.

TLD e OSLD

Em síntese, a dosimetria com TLD emprega como dosímetro um material termoluminescente que, quando aquecido e após ser expostos à radiação ionizante, apresenta a propriedade de emitir luz proporcionalmente à dose de radiação que receberam ao longo de um determinado período de exposição. Esse fenômeno físico é conhecido como radiotermoluminescência, ou, simplesmente, termoluminescência.

Já a dosimetria com OSL, que é a mais moderna disponível internacionalmente, emprega material isolante ou semicondutor que, ao ser estimulado por luz, após ser exposto à radiação ionizante, adquire propriedade luminescente com intensidade proporcional à quantidade de radiação absorvida ao longo de um período de tempo.

O material utilizado como detector nesses monitores utilizados pela Sapra Landauer é o óxido de alumínio (Al2O3:C) e seu método de leitura emprega um laser de alta performance ou LED (diodo emissor de luz, na sigla em inglês) como fontes de excitação, dependendo do modelo de monitor e leitor adotado.

No Brasil, a tecnologia OSLD, ou simplesmente OSL, é usada para dosimetria de radiações ionizantes por raios X, gama e beta.

Sobre a jornada

A Jornada Paulista de Radiologia (JPR) é realizada há quase 50 anos, reunindo congressistas, professores, coordenadores, convidados, expositores, visitantes e equipes de apoio de diversos países.

O evento mantém uma programação científica robusta, com dezenas de cursos em áreas como neurorradiologia, oncologia, diagnóstico por imagem, medicina nuclear, física em radiodiagnóstico, entre outros temas e especialidades.

O evento abriga também uma exposição técnica com cerca de cem empresas especializadas do setor, também considerada a mais importante do segmento radiológico na América Latina.

A edição 2017 da JPR sediou também o II Congresso França-Brasil-América Latina de Radiologia, tendo como tema central “Radiologia Francesa: As Relações Humanas e a Boa Prática Médica”, em parceria entre a Sociedade Paulista de Radiologia(SPR) e a Sociedade Francesa de Radiologia (SFR).

A próxima edição já está agendada para o período de 3 a 6 de maio de 2018, também no Transamerica Expo Center, e será realizada em parceria com a Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA) e terá como tema “SPR e RSNA: Transformando a Educação na Radiologia”.

Saiba mais sobre o evento: www.jpr2017.org.br/

PHILLIP PATRIK DMITRUK: “APLICADA NA ÍNTEGRA, PROTEÇÃO RADIOLÓGICA SIGNIFICA AMOR E DEDICAÇÃO AO PRÓXIMO”

Blog da Sapra publica entrevista exclusiva com consultor, professor e físico da Santa Casa de São Paulo sobre os desafios e avanços na área de proteção radiológica no Brasil. Ele explica, a seguir, a importância e os processos que envolvem o trabalho de profissionais de física médica na área hospitalar e comenta o que tem sido feito por entidades especializadas para melhorar os padrões de gestão no setor. Destaca, também, a qualidade dos serviços prestados pela Sapra Landauer em dosimetria de radiações, incluindo o uso de sistemas informatizados de atendimento ao cliente.

Raio-X do entrevistado: Físico da Santa Casa de São Paulo, graduado em Física pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo (PUC/SP), no ramo científico de Física Médica, e pós-graduado em Física das Radiações e Radioterapia pelo Instituto de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo(INRAD/FMUSP). É docente colaborador em Física das Radiações no Curso de Pós-Graduação em Radiologia Médica da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Também colabora com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) nas comissões de estudo da Associação Brasileira das Indústrias Médico-odontológicas (ABIMO). É docente da Escola de Enfermagem da Santa Casa, da Faculdade de Medicina da Santa Casa, tendo lecionado várias disciplinas nas áreas da Física das Radiações, Proteção contra Radiações Ionizantes, Dosimetria clínica e Controle de Qualidade. É mestre e doutor em Engenharia no ramo científico de Engenharia Nuclear, pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Também é pós-graduado em Administração de Empresas, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e em Gestão Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como empreendedor e empresário em diversas áreas e ramos de negócios.

Blog da Sapra: Qual a importância da proteção radiológica na gestão hospitalar?

Phillip Patrik Dmitruk: A gestão hospitalar é bastante complexa e envolve uma série de segmentos da administração. Quando utilizamos os conceitos de proteção radiológica isso significa que estamos envolvendo pessoas e a segurança das operações que envolvem o uso de radiação ionizante, a qualidade dos serviços prestados e a responsabilidade social e ambiental. Inicialmente, ao entrarmos num hospital ou instituição de saúde, primariamente pensamos em saúde, seja na sua manutenção ou na sua recuperação. Muitas pessoas estão envolvidas e comprometidas nesse intuito e desejamos sempre o melhor e, primordialmente, desejamos estar saudáveis e fortalecidos. Cada paciente é uma missão de Deus. O atendimento em saúde não é óbvio, tudo é novidade e depende de muita observação, pesquisa e interação com o próximo. Os profissionais de saúde são seres humanos e, como tal, vivenciam sonhos e desejos dos mais variados possíveis. Há um universo de possibilidades.

Em quais aspectos desse trabalho, exatamente, se aplica a proteção radiológica? 

A proteção radiológica está presente em tudo. Quando aplicada na íntegra e com a máxima dedicação e responsabilidade, ela significa amor e dedicação ao próximo, seja ele paciente ou trabalhador. Muito mais que uma série de medidas ou conceitos de segurança e aplicação de blindagens, a proteção radiológica está imbuída do desejo de manter segura a pessoa humana, de obter o melhor resultado de segurança, o melhor resultado diagnóstico, a cura…

A proteção radiológica está presente em tudo. Quando aplicada na íntegra e com a máxima dedicação e responsabilidade, ela significa amor e dedicação ao próximo, seja ele paciente ou trabalhador.

 

Como essa atenção é exercida no dia-a-dia da Santa Casa de São Paulo?

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, ao longo de algumas décadas, abraçou a proteção radiológica e a física médica, amadurecendo, e, de forma envolvente, organizou toda sua estrutura de diagnóstico por imagem segundo as necessidades de proteção radiológica e controle de qualidade da imagem. Muito é pesquisado, adaptado, produzido e incorporado às rotinas de realização de exames e acolhimento de seus pacientes e trabalhadores nas áreas que envolvem o uso de radiação ionizante e também radiação não ionizante. Há na instituição um elo muito forte entre a gestão e a proteção radiológica em todas as suas atividades. Notoriamente, a aplicação de um conceito pleno de proteção radiológica e física médica envolve muitos custos e esforços financeiros de toda natureza. Mesmo em momentos muito delicados relacionados à saúde financeira da instituição, não houve um minuto em que a proteção radiológica e a física médica fossem prejudicadas. Todos os equipamentos e ambientes foram sempre controlados e organizados para proteção de pacientes e trabalhadores. Há um grande e precioso esforço de todos, incluído nossos fornecedores de produtos e serviços no ramo de física médica e proteção radiológica.

Como é a atuação de um profissional de física médica no processo hospitalar?

O profissional de Física Médica deve estar muito atento a todas as condições de segurança no uso de equipamentos de proteção radiológica, no uso correto e adequado dos equipamentos emissores de radiação ionizante, das fontes emissoras de radiação ionizante e também às rotinas e aos protocolos de exames, de forma a manter a dose radioativa dentro dos padrões de segurança e a qualidade de resultados, imagens e tratamentos. No hospital, ele deve ser um profissional humano, observador e estudioso, deve ser apto a aceitar desafios e pronto a prestar assistência e esclarecimentos sobre a rotina segura no uso de radiação ionizante. Um profissional envolvido e fundamentalmente acessível. Esta qualidade o torna diferenciado, pois nossa ciência não é simples ou meramente matemática e nossa aptidão deve ir além disso, deve alcançar corações e mentes, e para tanto empatia e simpatia são essenciais. São muitas as dificuldades diárias e os desafios para manter, junto a nossos colaboradores, um uníssono de ações focadas na assistência e na segurança de todos. Esse é um exercício profissional muito prazeroso, posto que nossa missão é única em termos de eficiência na atenção em saúde pública, com todas as nuances possíveis.

No hospital, o físico deve ser um profissional humano, observador e estudioso, apto a aceitar desafios e pronto a prestar assistência e esclarecimentos sobre a rotina segura no uso de radiação ionizante.

 

Qual é a situação do Brasil em termos de estudos e pesquisas sobre o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) por profissionais da área médica em comparação com outros países?

A pesquisa nessa área é muito mais voltada ao uso e eficiência dos EPI, muito focada em controle de qualidade e segurança do trabalhador. A matéria prima utilizada na fabricação dos EPI plumbíferos ou blindagens é basicamente importada, principalmente os óxidos de chumbo com a pureza necessária para uma proteção radiológica eficiente. A produção dos EPI segue norma internacional e poucos profissionais dão a devida atenção ao processo envolvido. Todos os produtos devem seguir o padrão normativo conforme descrito na ABNT-NBR-IEC-61331-3:2004 e a eficiência apresentada por meio de laudos técnicos dos ensaios dos materiais utilizados para proteção radiológica em alguns poucos institutos especializados no Brasil, que comprovam a eficácia do produto.

Como tem evoluído a qualidade dos paramentos usados nesse setor?

Ao longo de algumas décadas, em parceria com fabricantes no Brasil, conseguimos desenvolver paramentos bastante eficientes, mais leves e mais confortáveis. Tem sido uma troca de conhecimento muito saudável e respeitosa, tratando-se muitas vezes de segredo industrial. Os paramentos no Brasil, a rigor, se utilizam de manta plumbífera importada ou nacional, todas bastante eficientes. Em pesquisas recentes, desenvolvemos paramentos que aceitam melhor processos de higienização e esterilização, promovendo assim o adicional de proteção biológica. Atualmente, trabalhamos com novos materiais com equivalência ao chumbo e que podem ser agregados à borracha de forma a se obter excelência na proteção radiológica, materiais como o Bismuto (Bi) e o Tungstênio (W).

Que outros fatores devem ser observados em relação a esses paramentos?

Um fator importante na proteção radiológica é a espessura. Uma cultura bastante forte no país é o uso de aventais com 0,50 mm de chumbo. Tal espessura, segundo a legislação de proteção radiológica, deve ser aplicada para proteção de áreas expostas à radiação primária. Contudo, nossas rotinas de exames radiológicas envolvem em praticamente toda sua totalidade a exposição a feixes secundários, para os quais um avental com 0,25 mm de chumbo é mais que suficiente. Outro fator importante diz respeito ao conforto do usuário. Poucos são os envolvidos nas compras de itens de segurança que detêm o conhecimento de que existem paramentos com tamanhos diferenciados (P, M, G e GG) e, também, paramentos para crianças. Alguns fabricantes ainda apresentam paramentos diferenciados para homens e mulheres, outro conforto importante para o trabalhador. Recentemente, me deparei com outro fator importante e relacionado ao colar de chumbo para proteção da tireóide, alguns muito desconfortáveis e com erros na produção que, inclusive, provocam ferimentos importantes nos usuários.

Na sua opinião, as clínicas e hospitais brasileiros têm dado importância suficiente para o uso de EPI? Até que ponto as normas são cumpridas, de modo geral? E a fiscalização, tem sido efetiva?

A proteção radiológica é muito dependente do usuário. Alguns profissionais nos departamentos de radiologia ainda insistem em não utilizar os paramentos de chumbo e dosímetros pessoais, o que é uma insanidade, mas também uma realidade. Lamento muito ainda encontrar profissionais que não se envolvem os conceitos de proteção radiológica na sua rotina diária. Muitos profissionais não se protegem adequadamente e muitas vezes não protegem pacientes e seus acompanhantes. Atitudes inconcebíveis para profissionais da área e conhecedores dos riscos envolvidos no uso incorreto e indiscriminado das radiações ionizantes. Devemos nos lembrar que todo paramento, para ser uma EPI radiológica, passa por uma série de testes de eficiência; são regulamentados e obrigatoriamente registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e possuem certificação do Ministério do Trabalho. Ainda vejo fabricantes comercializando paramentos não autorizados ou registrados e, infelizmente, ainda há no mercado compradores para produtos com produção e eficiência duvidosas.

A proteção radiológica é muito dependente do usuário. Alguns profissionais ainda insistem em não utilizar os paramentos de chumbo e dosímetros pessoais, o que é uma insanidade, mas também uma realidade.

 

Como os hospitais reagem diante desse problema?

Atualmente, muitos hospitais possuem, em seu corpo de colaboradores, físicos e engenheiros de segurança do trabalho que estão atentos a essa prática ilegal de comercialização de EPI, que eu, pessoalmente, considero clandestinos. Outro fator importante diz respeito diretamente à rotina de física médica. Todos os paramentos devem ser testados anualmente e, uma vez considerados inadequados, devem ser imediatamente retirados de uso. Os aventais de chumbo são compostos por um metal pesado poluente, o chumbo (Pb), na forma de óxido, e em sua degradação ele é bastante danoso à saúde e ao meio ambiente. Por isso, não deve ser descartado sumariamente, é um resíduo hospitalar que deve ter destino adequado. Recomendo que seja obrigatoriamente devolvido para o fabricante ou fornecedor para destino adequado e certificado.

Há fiscalização sobre esses processos? Como os órgãos e entidades especializadas estão atuando para melhorar essa situação?

Contamos, sim, com fiscalização, mas com certeza ainda é muito falha em diversas áreas. Técnicos em vigilância sanitária e segurança nuclear, nas diversas esferas públicas de fiscalização e controle, estão mais presentes, melhor preparados e mais preocupados com o cumprimento integral das normas de proteção radiológica e controle de qualidade nos diversos centros hospitalares e industriais que se utilizam de fontes e equipamentos emissores de radiação ionizante. Somada a esta fiscalização, o Conselho de Técnicos e Tecnólogos em Radiologia (CONTER) e os sindicatos de classe têm exercido um papel de suma importância nessa fiscalização, uma ação responsável e sobre a qual cabe destacar a ação direta dos Supervisores de Aplicações Técnicas (SATR). Particularmente, a Associação Brasileira de Física Médica (ABFM) tem exercido um papel de grande importância nos aspectos relacionados à formação e serviços prestados por físicos médicos nas diversas áreas de aplicação de radiação ionizante no Brasil. Um passo importante para o sucesso das ações do físico na área hospitalar é a regularização da profissão, que hoje tramita no Congresso Nacional, praticamente em sua fase de final de regulamentação, um esforço muito importante de congressistas cientes da importância da aplicação responsável e correta da física e da física médica nos diversos ramos e atividades econômicas do Brasil.

Um passo importante para o sucesso das ações do físico na área hospitalar é a regularização da profissão, que hoje tramita no Congresso Nacional, praticamente em sua fase de final de regulamentação.

 

Qual a importância do serviço de dosimetria radiológica prestado pela Sapra Landauer à Santa Casa de São Paulo?

Falar da Sapra Landauer é um prazer imenso: uma empresa com quase quarenta anos, pioneira em muitas pesquisas nas áreas de dosimetria interna e externa. A ISCMSP (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) é um de seus primeiros clientes, e ambas mutuamente apostaram no conceito de qualidade e eficiência. A empresa participou de grande parte da história da proteção radiológica da ISCMSP. É uma empresa parceira e atenta a todas as necessidades de atenção à saúde e segurança de nossos colaboradores e pacientes. Muito foi produzido em conjunto, ambientes foram melhorados e adequados às novas exigências legais na área de proteção radiológica e física médica. Pessoalmente, acompanho e conto com a presença da Sapra Landauer desde o início de minha formação, em 1986, e em verdadeira comunhão realizamos muito para ISCMSP e para mais outros cerca de 800 centros de radiologia onde atuo como consultor. A Sapra é hoje o maior centro de dosimetria radiológica de nosso país e, sempre incansável e inovadora, recentemente habilita e disponibiliza o que há de mais atual na área, a dosimetria opticamente estimulada (OSL), o que certamente eleva o Brasil a uma condição de excelência em dosimetria ocupacional.

Sempre inovadora, a Sapra recentemente habilitou e disponibiliza o que há de mais atual na área, a dosimetria opticamente estimulada (OSL), o que eleva o Brasil a uma condição de excelência em dosimetria ocupacional.

 

Enquanto cliente da Sapra Landauer, como o senhor avalia os serviços prestados e o processo de atendimento oferecido pela empresa? 

A Sapra é uma empresa que cresceu sem perder o foco no cliente, muito atenta às necessidades dos clientes, soube como nenhuma outra aplicar o conceito de qualidade no atendimento e dos serviços. Dotada de profissionais dedicados e prestativos, material gráfico impecável e zelo em todas as suas ações. Uma empresa inovadora e preocupada com as gerações futuras de profissionais e pesquisadores, sempre presente e disponível para auxiliar o cliente e os centros de formação profissional e de pesquisa. Um modelo para muitas empresas e empreendedores interessados na área de dosimetria, metrologia das radiações, proteção radiológica e física médica.

A Sapra é uma empresa que cresceu sem perder o foco no cliente, muito atenta às necessidades dos clientes, e soube como nenhuma outra aplicar o conceito de qualidade no atendimento e nos serviços.

 

Como o senhor avalia o sistema Gerenciador de Proteção Radiológica (GPR) online da Sapra? Como e até que ponto esse sistema facilita o atendimento?

De início, o sistema GPR foi de uso muito tímido, devo confessar. Todo o tratamento relacionado à coleta e tratamento dos dados era, inicialmente, totalmente realizado internamente na ISCMSP e nas minhas empresas. O tempo amadureceu este uso e, atualmente, todo o tratamento se dá praticamente, e com muita agilidade, por meio das facilidades de interação com dados de profissionais e dosimetria pessoal inseridos no GPR. Ainda estamos agregando mais funcionalidades ao GPR e não há dúvida que hoje ele é um aliado do físico na gestão da proteção radiológica e controle ocupacional de rotinas e dosimetria do trabalhador.

ALEXANDRE BACELAR: “PODEMOS ESTABELECER E EXECUTAR MAIS DO QUE A LEGISLAÇÃO SOLICITA”

Em entrevista ao Blog da Sapra, chefe de serviço de Física Médica e Radioproteção do Hospital das Clínicas de Porto Alegre comenta a importância da proteção radiológica na gestão hospitalar e destaca a necessidade de aproximar profissionais que atuam em hospitais e empresas do setor da pesquisa científica nessa área.

Raio-X do entrevistado: Alexandre Bacelar atua como chefe de Serviço Física Médica e Radioproteção e como coordenador da Comissão de Proteção Radiológica e coordenador da Residência em Física Médica no Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA). É formado em  Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), com mestrado em Ciências Médicas na área de Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialização em Engenharia da Qualidade e em Administração Hospitalar pela PUC-RS e pelo IAHS. Atua também como professor convidado de pós-graduação nas áreas de Medicina do Trabalho e Segurança do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e de Engenharia de Segurança do Trabalho na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

 

Blog da Sapra: Qual a importância da física médica na gestão hospitalar, atualmente?

Alexandre Bacelar: A física médica passa por uma adaptação aos tempos modernos e, com isso, resgata e conquista o seu maior valor agregado, que é o intelectual. A tendência é que devemos aplicar a intelectualidade, o conhecimento e ter pensamento estratégico a serviço das organizações, estando ligados às direções das instituições de saúde  para a tomada de decisões estratégicas em níveis de gerenciamento da proteção radiológica, física médica e gerenciamento de imagens médicas.

A física médica deve aplicar conhecimento intelectual e ter pensamento estratégico para a tomada de decisões na gestão da proteção radiológica

 

Como a radioproteção é tratada pela legislação brasileira? Na sua opinião, há a necessidade de se discutir novas diretrizes para que o cumprimento das medidas protetivas aos profissionais seja mais eficaz e valorizado por clínicas e hospitais?

Há muito debate sendo realizado sobre a legislação brasileira referente à radioproteção. Entendo que essas leis, normas e regulamentações são bastante importantes e muitas delas conseguem acompanhar a evolução da tecnologia. Também percebo que os órgãos competentes buscam, cada vez mais, manter essa legislação atualizada. Porém, como costumo dizer, nosso trabalho é conseguir manter a segurança do paciente, do indivíduo ocupacionalmente exposto à radiação e também de indivíduos públicos em geral fora do risco, ou com menor risco possível. Assim, a não existência de uma regulamentação específica não justifica a não realização de um trabalho visando a segurança, pois possuímos recomendações internacionais a serem seguidas e, além disso, temos a capacidade e o conhecimento para fazer mais do que a legislação solicita.

A legislação deve estar atualizada, mas nosso trabalho é minimizar o risco e, assim, a não existência de regulamentação não justifica a não realização de um trabalho de segurança

 

Como é a atuação de um profissional de física médica no processo hospitalar, especialmente em instituições de grande porte? Neste sentido, qual a diferença entre as funções de um físico e de um tecnólogo?

Mais do que o conhecimento e habilidade técnica, o profissional de física médica deve possuir um perfil mais híbrido, conciliando o aspecto acadêmico, aspecto técnico com a habilidade administrativo-financeira de gerir um alto volume de serviços cada vez mais complexos e que afetam diretamente a eficiência operacional da instituição de saúde, trazendo, com seu trabalho, melhoria da qualidade, diminuição das doses e reduções de custos significativas. Esse profissional deve ser um bom desenvolvedor de estratégias, tendo foco em resultados com grande eficiência e, com isso, garantindo a sustentação da qualidade e segurança, gerando indicadores e relatórios gerenciais completos e detalhados.

O profissional de física médica deve conciliar o conhecimento, a técnica e habilidade administrativo-financeira de gerir serviços complexos que afetam a eficiência operacional da instituição de saúde

 

Diante de sua experiência dentro da área de proteção radiológica e principalmente como ex-presidente da Associação Brasileira de Física Médica, qual a sua avaliação sobre a evolução das pesquisas científicas desenvolvidas no país em relação a esse assunto?

A pesquisa científica no Brasil está  bem representada pelo setor acadêmico, incluindo nossas universidades e instituições de pesquisa, que são referências nacionais e internacionais na área. Devemos também ter o compromisso de pleitear melhor desenvolvimento da pesquisa realizada pelos físicos médicos que trabalham nos hospitais, para que possa haver uma melhor troca de experiências e de dados sobre a prática do dia-a-dia, também construir  com que as empresas participem do processo e possam desenvolver pesquisas com nossas instituições, buscando uma melhoria na proteção radiológica para todos, como parceiros, não apenas visualizando lucro.

Devemos desenvolver pesquisa científica com físicos médicos que trabalham nos hospitais, para que possa haver uma melhor permuta de experiências e de dados

 

Como o senhor avalia, como cliente, os serviços e o atendimento da Sapra Landauer na área de proteção radiológica?

Por sermos uma instituição pública, sempre realizamos uma concorrência pública para a contratação de serviços de proteção radiológica. Nesse processo, a empresa Sapra Landauer consegue alcançar nossas exigências de qualidade e preço, com o que somos sempre atendidos pela empresa naquilo que solicitamos e contratamos.

A empresa Sapra Landauer consegue alcançar nossas exigências de qualidade e preço e somos sempre atendidos pela empresa naquilo que solicitamos e contratamos