Controle de qualidade remoto em radiografia e mamografia deve trazer mais segurança e economia para hospitais

 

Especialista do Instituto de Física (IF/USP) e atuante no INRAD/HC/FMUSP, a Física Médica Denise Y. Nersissian apresenta a metodologia global de controle de qualidade em radiologia e mamografia, com base em uma publicação da AIEA.

A modernização dos sistemas de controle de qualidade em radiografia e mamografia ganha força no Brasil com a implementação de programas remotos e automatizados, inspirados na metodologia descrita na Publicação nº 39 da International Atomic Energy Agency (IAEA, 2021). A iniciativa permite monitorar continuamente o desempenho dos equipamentos de diagnóstico por imagem, garantindo resultados mais precisos e seguros para pacientes, sem depender da presença física do profissional no local.

Segundo a Dra. Denise Yanikian Nersissian, física médica atuante no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e integrante do Comitê da AIEA, a abordagem oferece uma alternativa prática e de baixo custo aos testes convencionais. “Um phantom nada mais é do que algo que simula estruturas que possam ser associadas às respostas semelhantes nos pacientes. No caso do modelo da Agência Internacional, é uma placa de acrílico com cobre e alumínio, materiais simples e acessíveis. Com cerca de 10 a 15 dólares você consegue produzir um dispositivo que permite avaliar diariamente ou semanalmente a qualidade das imagens fornecidas pelos equipamentos”, explica.

O programa utiliza phantoms, softwares de análise e planilhas para acompanhamento sistemático das imagens. “Você faz a radiografia do phantom, o software analisa parâmetros complexos de qualidade e você consegue construir uma linha do tempo que permite a avaliação do desempenho do equipamento”, detalha a pesquisadora. Essa prática possibilita antecipar falhas e reduzir custos com manutenção emergencial de equipamentos.

Para a Dra. Denise, a iniciativa também traz benefícios didáticos e operacionais: “Não é só cumprir a legislação. Com essa abordagem, conseguimos extrair informações valiosas para o cuidado do paciente e para a gestão do hospital. Você consegue se antecipar a problemas, identificando as mudanças de rendimento dos tubos de Raios X ou alterações na resposta dos detectores, que indicam artefatos ou  deterioração, além de garantir que a imagem obtida seja sempre adequada para o diagnóstico.”

O método já é aplicado no Instituto de Radiologia do HC/FMUSP, onde a Dra. Denise atua também como preceptora no programa de residência em física médica. “Além de avaliarmos os equipamentos, treinamos residentes para que possam executar esses testes e interpretar os resultados, formando profissionais capacitados para implementar o controle de qualidade em diferentes serviços de saúde”, destaca.

A IAEA incentiva a adoção de programas automatizados de monitoramento em escala global, promovendo padronização, rastreabilidade e harmonização de práticas internacionais. No Brasil, foi realizado um workshop gratuito para difundir o conhecimento e demonstrar a facilidade de implementação, fortalecendo a segurança radiológica e a eficiência diagnóstica em hospitais e clínicas.

“A grande vantagem é que qualquer instituição pode aplicar. O phantom é barato, o software é gratuito e os testes podem ser enviados remotamente para análise de um físico médico. Isso democratiza o acesso ao controle de qualidade e ajuda a manter padrões elevados de segurança e confiabilidade diagnóstica”, conclui Dra. Denise.